Escrevi esse texto faz um tempo, mas me define bem ainda. Então que seja.
Dia 31 de Agosto de 2008
Clarice Lispector disse que escrevia p/ se entender e decifrar a si mesma. O faço assim também.
“Ela se olhou no espelho e tentou encontrar o significado de si própria, de tanta obsessão. Obsessão que concluiu ser por ela mesma.
Na procura incessante de se encontrar (como isso soa um chavão), mas nesta busca “suga os outros p/ ver se encontra-se perdida dentro de outra pessoa. Os olhos sempre marejados e a desistência de tentar explicar o significado disso a alguém, por que não há como. O significado de sua dor, seu vazio transcende qualquer vocabulário conhecido. E nesta solidão que já é sua companheira desde tenra infância, desde das horas sozinha no recreio da escola, os olhares oblíquos, os comentários maldosos, as noites escuras.
Tudo parece pequeno agora, sua dor aumenta a cada suspiro de vida que vai se esvaindo, mas agora aprendeu a se comportar. Tudo foi ficando mais confuso, mas essa parte, ela guarda p/ si, ás vezes não consegue detê-la por ser muito forte, mas na maioria consegue bons resultados.
Aprendeu a se posicionar sem ser arrogante, a socializar com elegância e naturalidade, a controlar o tom da voz e fazê-lo ecoar. A chamar atenção com discrição e pela discrição. Observando parece uma espécie sobrevivente selecionada pelo ambiente. Darwin se surpreenderia com tamanha resistência e flexibilidade. Características que só vieram depois de muita análise e observação de outros indivíduos diferentes dela.
Por sua vontade permaneceria como antes toda uma vida, era feliz assim, distante dos outros e próximo consigo, em seu universo que era infinito. Mas percebe que indivíduos mais bem socializados e “felizes”, falsa alegria, conseguiam melhores resultados e decidiu capturar p/ si algumas características.
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